Consumidores
residenciais e industriais de energia elétrica
do Estado da Bahia contarão, a partir da
próxima terça-feira, dia 22, com um
dado incomum: a redução no valor das
contas. O percentual de reajuste de -13,89% nas
tarifas para os consumidores residenciais da Companhia
de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) foi
definido ontem, pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), que também aprovou
os índices de revisão tarifária
das distribuidoras Companhia Energética do
Rio Grande do Norte, de -2,14%, e Energisa Sergipe,
de - 11%.
Mas,
se é bom contar com uma folga no orçamento,
o consumidor precisa saber que diminuição
desses valores poderia ser ainda maior, não
fosse a incidência do repasse da cobertura
tarifária para o Encargo de Serviços
do Sistema (ESS) – que tem como atribuição
garantir a segurança energética
– e a não-confirmação
da expectativa de entidades de defesa dos consumidores,
que, pelo menos no Estado da Bahia, aguardavam
uma redução da ordem de - 15%.
“Na
última audiência pública realizada
em Salvador, a Aneel avaliou a possibilidade de
redução em -14%, mas o Conselho
de Consumidores da Coelba conseguiu ampliar esse
percentual para -15%. Como esperávamos
mais, ter apenas - 13,89% é uma grande
decepção”, avaliou a presidente
do Movimento das Donas de Casa e Consumidores
do Estado da Bahia, Selma Magnavita, que acredita
que isso ainda possa ser observado pela Coelba.
“Os consumidores residenciais esperam que
a Coelba faça uma reflexão e promova
a redução que foi prevista, com
base na avaliação de vários
fatores”, disse. “Isso é possível,
só depende da empresa”, afirmou Selma
Magnavita.
Segundo
a Aneel, os índices não foram os
esperados porque, no final de 2007 e início
de 2008, o nível mínimo de armazenamento
nos reservatórios das hidrelétricas
não foi alcançado, gerando custos
resultantes da ultrapassagem da Curva de Aversão
a Risco (CAR) e do despacho das usinas termoelétricas,
determinado pelo Comitê deMonitoramento
do Setor Elétrico (CMSE).
As
reduções nas tarifas das três
empresas representam ganhos de produtividade e
redução do custo médio de
capital, que definem a remuneração
das concessionárias, calculados no processo
de revisão tarifária. E está
longe de significar perda na receitas das empresas.
Na verdade, os índices estabelecidos têm
o objetivo de retirar os excessos, estabelecendo
a receita adequada ao setor, já sendo observados
gastos com investimentos e remunerações.
Ainda
segundo informações dadas pela Aneel,
os processos revisionais foram submetidos à
audiência pública documental de 28
de fevereiro a 24 de março deste ano para
a Cosern, e de 28 de fevereiro a 26 de março
para a Coelba. No caso da Energisa Sergipe, a
audiência foi aberta em 6 de março
e encerrada em 2 de abril. A agência nacional,
além de receber manifestações
por escrito, obteve contribuições
feitas pessoalmente pelos consumidores nas reuniões
públicas realizadas em Natal (RN) e Salvador
(BA) no dia 27, e em Aracaju (SE) no último
dia 28.
Na
Bahia, serão beneficiados 4,3 milhões
de unidades consumidoras, em 415 municípios.
Consumidores residenciais e de pequenos comércios,
que recebem energia de baixa tensão, terão
uma redução nas tarifas da ordem
de 13,89%. Já as indústrias, terão
reduções que vão de -3,43%
a -12,04%, de acordo com as classes de consumo.
No Rio Grande do Norte, são 167 mil municípios
atendidos, com 950 unidades consumidoras. Em Sergipe,
557.332 unidades, em 63 municípios, usufruirão
de tarifas mais baixas.
Na
quinta-feira, horas depois do anúncio da
Aneel, a Coelba evitou fornecer informações,
sob a alegação de que um relatório
detalhado da agência nacional seria avaliado
pela empresa. Contudo, nesta sexta-feira, o presidente
da Coelba, Moisés Sales, e o superintendente
de Regulação, Eduardo Tanure, prometem
dar à imprensa esclarecimentos sobre o
mecanismo de revisão tarifária,
apresentando exemplos práticos da aplicação
da nova tarifa para diferentes classes de consumidores,
além de explicarem o impacto do índice
sobre o Programa Luz para Todos, na Bahia.