Serventuários decidem continuar a greve
         Tribuna da Bahia
 A greve do Judiciário foi considerada ilegal, mas os servidores decidiram manter a paralisação. A decisão judicial foi ignorada pelos trabalhadores representados pelos sindicatos dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sintaj) e do Poder Judiciário do Estado da Bahia (Sinpojud). O serviço permanece parado nos cartórios.
O descumprimento da decisão tomada pelo juiz da 5ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, Ricardo D'Ávila, que declarou como arbitrária a paralisação, já resulta em uma multa de R$20 mil aos cofres de ambos os sindicatos.
O valor equivale a cada dia de greve e deve aumentar ainda mais, já que a categoria insiste em manter a paralisação. Os sindicatos consideram a medida arbitrária e se articulam para recorrer da decisão judicial. Apesar do ultimato, funcionários do Judiciário garantem que a greve deve continuar, pelo menos até amanhã, quando uma nova assembléia acontecerá, às 14h, no Salão do Júri, do Fórum Ruy Barbosa, para discutir os rumos do movimento.
Enquanto permanece o impasse, as lideranças sindicais se mobilizam para invalidar a medida judicial. A presidente do Sinpojud, Maria José Silva, foi ontem ao encontro do ministro do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, questionar a legalidade da determinação do juiz da 5ª Vara.
Segundo ela, cabe ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) fazer tal julgamento e não o Tribunal da Justiça da Bahia legislar em causa própria. "Já que as greves da rede pública e particular estão sendo tratadas da mesma forma, a avaliação deve ser feita pelo tribunal trabalhista", concluiu. A licitude da greve também está sendo questionada pelo Sintaj.
O advogado do sindicato, Miguel Cerqueira, entrou com um recurso contra a suspensão da greve. De acordo com a coordenadora geral do Sintaj, Elizabete Rangel, a decisão do Tribunal é completamente incoerente. "Nosso movimento é absolutamente legítimo. Queremos apenas um novo Plano de Cargos e Salários (PCS) que seja submetido à Lei de Responsabilidade Fiscal e enviado à Assembléia Legislativa", assinala, destacando que, apesar da decisão do juiz, a categoria promete manter a greve.
A principal reivindicação dos servidores é o envio do PCS, pelo Tribunal de Justiça, como projeto de lei, independente da Lei de Organização Judiciária (LOJ). A emenda estabelece prazo de 180 dias para ser incluída no projeto da Lei de Organização do Judiciário (LOJ), aprovada na última quarta-feira.
A LOJ não prevê a revisão do plano de cargos e salários, o projeto sobre a aquisição da casa própria, periculosidade e insalubridade, progressão funcional por merecimento e escolaridade, pagamento das substituições, aumento do número de varas e servidores por comarca, nem a ampliação do número de cartórios no estado, reivindicações do Sinpojud.
O Tribunal de Justiça informou, por meio da assessoria de comunicação, que não vai comentar sobre a greve dos servidores, pois o assunto está sob responsabilidade do juiz Ricardo d'àvila, da 5ª Vara da Fazenda Pública.