'Vem
me soltar': Gilmar Mendes é 'homenageado'
em marchinhas de carnaval
Músicos
se inspiram no noticiário para o Carnaval 2018;
'Alô, alô Gilmar/eu to em cana,
/vem me soltar', diz um trecho da canção
15/01/2018
O
japonês da federal e o prefeito de São
Paulo João Doria (PSDB) são personagens
do carnaval que passou. O "muso"
dos compositores de marchinhas agora é
outro: "Ele é uma figura que está
no jornal diariamente.
A gente acorda com ele quase todos os
dias", disse João Roberto Kelly,
79 anos, ao se referir ao ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) e Presidente
do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
Gilmar Mendes.
O ministro foi "homenageado"
em pelo menos três novas marchinhas. Kelly,
que é autor de clássicos como "Cabeleira
do Zezé" e "Mulata Iê-Iê_Iê",
lançou "Alô, Alô Gilmar" ("Alô,
alô Gilmar/eu to em cana,/vem me soltar...").
Já os Marcheiros saíram com "Gilmar
Soltou a franga" ("Gilmar soltou/Soltou
a franga/Largou a 'tonga'/E agora só anda
de tanga...").
O grupo Orquestra Royal também vai repetir
o tema com "A Dancinha da Tornozeleira"
("Começou o carnaval do Gilmar/Liberou
a brincadeira/Quero ver quem vai dançar/A
dancinha da tornozeleira...").
A
inspiração, é claro, vem dos últimos habeas
corpus concedidos pelo ministro, como no
caso do ex-governador do Rio de Janeiro
Anthony Garotinho; do ex-ministro dos Transportes
Antonio Carlos Rodrigues, presidente do
PR; e do empresário Jacob Barata Filho,
o "rei do ônibus".
"A gente vive uma época do polarizada,
tão direita e esquerda, que o Gilmar Mendes
é o único personagem que pode unir todas
as tribos. Ele pode ser motivo de brincadeira
para quem está de qualquer lado do embate
político", disse Thiago de Souza, um
dos compositores dos Marcheiros.
Kelly enxerga potencial em Gilmar Mendes,
mas diz não saber se a marchinha sobre o
ministro irá se eternizar como "Cabeleira
do Zezé" é outras. Para ele, o segredo
do sucesso é acertar na dose da crítica.
"É uma brincadeira de carnaval, não
pode ofender e nem passar dos limites. A
marchinha pode tudo, mas sem ser agressivo".
A
assessoria do ministro foi procurada pela
reportagem para comentar o conteúdo das
marchinhas que levam o seu nome. Até o
momento não houve resposta.
Outros. Além do ministro, outras figuras
públicas já estão na boca dos carnavalescos.
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e o
Prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella
têm suas próprias marchinhas. A Orquestra
Royal lançou no início da semana o “Bolsomico”,
cujo o refrão bate forte no candidato:
“É melhor Jair, já ir embora, sair correndo
para a aula de história...”. O compositor
Vitor Velloso comenta a reação dos eleitores
de Bolsonaro à homenagem. “Muitos dos
seguidores do Bolsonaro têm nos pedido
pra fazer música sobre o Lula e Dilma
também. Já fizemos várias. Já rimos de
Aécio, Lula, Dilma, Temer... é mais divertido
quando não se poupa ninguém. Nosso único
foco é mirar em quem tem poder.”
Já os Marcheiros citam Bolsonaro para
criar um hino contra a polarização política
nesse carnaval: “É bom Jair me desculpando/
Eu não quero confusão/Já que não sou partidário/Dessa
polarização!/Sou um pouco saudosista/Mas
não acho tão legal/Requentar a guerra
fria/Em pleno carnaval!” . “No carnaval,
precisamos superar essa polarização. Está
ficando chato. Temos que ter o direito
de brincar com todo mundo sem fazer disso
uma guerra”, fala Thiago Souza.
No Rio de Janeiro, Crivella será um hit.
Evangélico, o prefeito já fez declarações
pouco simpáticas à folia carnavalesca.
Por isso, os Marcheiros lançaram uma marchinha
em que o próprio Deus pede para o político
aliviar para o pessoal que gosta de carnaval.
“Marcelinho, não fique assim/Quarta de
cinzas a folia chega ao fim/Marcelinho,
não fique p#$%*/Que até à Páscoa eles
voltam para o culto...”
Em 2015, o grande personagem das marchinhas
foi o “Japonês da Federal” ,o agente da
PF Newton Ishii (“Ai meu Deus, me dei
mal, bateu a minha porta o japonês da
federal...). No ano passado, o herói das
marchinhas foi o prefeito de São Paulo
João Doria ( “Eu já te vi de jardineiro,
de pintor e de Gari. Só de prefeito, eu
confesso, ainda não vi...”)
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