O
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Foto: Wilton Junior/Estadão
Corrupção
no Brasil foi quase um plano de governo,
diz Barroso
Em
evento nos Estados Unidos, ministro do STF afirmou
que irregularidades envolvendo Petrobras e BNDES
foi plano de governo; sistema penal brasileiro,
segundo ele, foi seletivo para punir pobres e
perdoar 'colarinho branco'
09/09/2017
WASHINGTON - O ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou,
nesta sexta-feira, 8, que a "oligarquia"
brasileira "saqueou dinheiro público
do Estado". Em evento na capital
dos Estados Unidos, Barroso também disse
que a corrupção tornou-se um meio de vida.
"É difícil combater o pacto oligárquico
entre políticos, empresários e burocratas",
disse em palestra no Brazil Institute
no Wilson Center em Washington.
Barroso também afirmou que a corrupção
se tornou um meio de vida para muitos
no Brasil, inclusive como forma de fazer
negócios. "A corrupção no Brasil
envolvendo Petrobras e BNDES foi quase
um plano de governo", acrescentou.
O
ministro do STF disse que o sistema penal
foi seletivo para punir os pobres e perdoar
os criminosos do "colarinho branco".
Ele entende que, apesar de a Lava Jato
ter três anos, "muitas práticas de
corrupção continuam no País".
"Uma foto do Brasil pode dar a impressão
que o crime compensa, mas não é verdade.
Uma semente de honestidade e integridade
foi plantada", ponderou o ministro,
que citou a impunidade e o sistema político
como as causas da corrupção no Brasil.
Barroso também afirmou que está "convencido
que as coisas não serão mais as mesmas".
"A luta contra a corrupção envolve
mudanças em atitudes, leis e casos legais",
disse. Ele lembrou que, quando ocorreu
o "Mensalão", a sociedade estava
muito mobilizada contra corrupção. E ele
lembrou que a "Operação Lava Jato
é uma continuação desta atuação contra
corrupção".
"Poucos países no mundo fizeram como
o Brasil para atacar corrupção com Lava
Jato", disse. E elogiou: "A
Lava Jato foi realizada com um bravo juiz
e uma brava equipe de investigação".
Embora veja o sistema político e partidário
como "muito caro e pouco representativo"
na origem da corrupção, Barroso considerou
em sua palestra no Wilson Center que criminalizar
a política, "base da democracia",
não é uma boa ideia. "Não podemos
demonizar a política, nem politizar o
crime", assinalou.
Barroso disse não ver razão para se temer
o curso das investigações da operação
Lava Jato e considerou que há uma grande
demanda no País por pessoas honestas.
Ele criticou ainda políticos que cobram
porcentagens em empréstimos de bancos
públicos. "É crime", afirmou.
O ministro do STF voltou a dizer que alguns
políticos e empresários não querem ser
responsabilizados por crimes que cometeram,
ao tratar das mudanças que estão acontecendo
no Judiciário. "A lógica do juiz
tem que ser o que é correto", afirmou
em Washington.
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Segundo
Barroso, o momento do Brasil é difícil,
mas o País está na "direção correta"
para se tornar uma nação melhor.
O ministro do STF lembrou, durante a palestra,
que o atual Presidente Michel Temer e
os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Rousseff foram denunciados
ao Supremo por corrupção passiva. Em seu
discurso, Barroso também mencionou que
vários políticos, entre eles ex-governadores,
estão presos. "A corrupção no Brasil
foi ampla", declarou.
Otimisto. O ministro
afirmou, contudo, que está otimista com
o País. "Há 40 anos, discutíamos
na escola de Direito como combater a tortura
durante o regime militar", disse.
"Hoje discutimos como combater a
corrupção e elevar as práticas públicas"
no País, segundo afirmou Barroso.
Ele disse, em sua palestra, que o Brasil
passou por 30 anos de "estabilidade
institucional", com estabilidade
monetária e inflação sob controle, e que
mais de 30 milhões de pessoas deixaram
a pobreza.
"É muito encorajador que, em uma
geração, derrotamos a ditadura, temos
democracia e inflação baixa", concluiu.
Por Estadão
Conteúdo / Ricardo Leopoldo, ENVIADO
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