Sebrae-SP
(Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas de São Paulo) lança nesta
quinta-feira (13) um manual com dicas para empresários
enfrentarem uma eventual desaceleração
da economia caso a crise financeira que se alastra
por Estados Unidos e Europa chegue ao país
com mais intensidade.
Com
orientações específicas por
segmentos, o trabalho, chamado de “Como agir
na crise”, é fruto de estudos feitos
por uma comissão permanente de técnicos
da instituição formada para monitorar
os desdobramentos da crise financeira e tentar diminuir
suas possíveis conseqüências no
setor.
De
acordo com o gerente de consultoria do Sebrae-SP,
Carlos Matos, os interessados podem procurar qualquer
unidade para ter acesso ao estudo e também
para ter orientações sobre casos específicos.
Entre
as principais sugestões do documento, ele
aponta três que, segundo afirma, podem ser
adotadas por empresários dos mais diversos
segmentos. Nas vendas, recomenda cautela na formação
de estoques com vistas a possíveis dificuldades.
“É provável que o consumidor
esteja mais retraído”, diz.
O
cálculo do preço, segundo o consultor,
também requer atenção. Segundo
ele, em tampos de instabilidade do dólar,
as pessoas podem perder o referencial de preço.
O
consultor também recomenda utilizar outras
formas de obter capital de giro fora dos bancos,
seja negociando com fornecedores por melhores prazos
ou com clientes, tentando aumentar as vendas à
vista.
‘Crise
de desconfiança’
Além
de alertar os empresários para eventuais
efeitos da crise, segundo Matos, o estudo também
busca combater as conseqüências do que
chama de “crise de desconfiança”.
“A
crise teve origem no sistema financeiro e gerou
como conseqüência um crise de desconfiança
que se alastrou. Setores que talvez nem sejam afetados,
mesmo que crise se expanda, acabam sendo afetadas
por isso”, disse.
Para
Matos, a desconfiança até o momento,
deveria estar centrada entre bancos, e não
entre empresários.
“O
pequeno empresário que opera num segmento
firme não deveria ter receio, mas cautela.
Negociar mais prazo, não ter estrangulamento
de capital. A demanda no Brasil sugere que [a crise]
vai continuar. O mundo vai sofrer recessão,
o país vai ter efeitos, mas não a
ponto de afetar a demanda”, afirma.
Para
o consultor, até o Natal, apenas as empresas
que atuam no câmbio devem sofrer efeitos da
crise nos mercados. Nas demais, afirma, “talvez
haja queda no consumo, mas nada que gere desespero”.
Entre
os setores que julga estarem mais imunes aos efeitos
da crise, pelo menos até o fim deste ano,
está o de alimentação. Já
o de eletrodomésticos, que utiliza componentes
eletrônicos importados, com preços
atrelados ao câmbio, “já sentem
o sinal da crise”, com preços mais
altos em função da subida do dólar,
o que espanta o consumidor.
Dicas
Leia
a seguir algumas das sugestões recomendadas
pelos consultores do Sebrae-SP para sete diferentes
tipos de micro e pequenas empresas no manual “Como
agir na crise”.
Micro
e pequenas empresas que vendem para o consumidor
final no mercado interno
Segundo o Sebrae-SP, é fundamental controlar
despesas e receitas, ter atenção aos
custos fixos e pensar em alternativas para atrair
novos clientes e fidelizar os antigos.
Micro
e pequenas empresas que vendem para grandes empresas
Neste caso, segundo o estudo, o empresário
deve procurar diversificar ao máximo os clientes,
evitar depender de apenas um ou dois grandes clientes.
É importante ainda evitar demitir funcionários,
o que demandaria mais recursos com demissão
e treinamento de um novo.
Micro
e pequenas empresas que vendem bens de capital (máquinas,
equipamentos)
Para este tipo de empresa, cautela é a palavra
de ordem, segundo o estudo. Controlar custos e pesquisar
mercados no exterior são alternativas a serem
pensadas.
Pequenas
empresas que utilizam crédito bancário
para financiar a venda de seus produtos para o consumidor
final
A recomendação é negociar melhor
condições de pagamentos com fornecedores
e repassar as vantagens para os clientes. Os consultores
também orientam a reduzir despesas para que
alguma eventual queda no faturamento não
provoque grandes problemas de caixa.
Pequenas
empresas que precisam de crédito bancário
para capital de giro e investimento
Com bancos mais criteriosos para liberar crédito,
é “fundamental”, segundo o Sebrae-SP,
mostrar que tem total controle sobre as contas da
empresa, despesas, vendas e lucros.
Pequenas
empresas exportadoras
Controlar com atenção custos fixos
e verificar se é possível reduzir
despesas, além da venda para novos mercados,
interno ou externo, são as orientações
para este segmento.
Pequenas
empresas importadoras ou que utilizam insumos importados
Para este segmento, é preciso verificar se
há possibilidade de substituir por produtos
nacionais. Se não houver, o estudo recomenda
redobrar atenção aos custos fixos
e controlar despesas desnecessárias. Numa
promoção para atrair clientes, por
exemplo, é preciso controlar despesas e receitas
para evitar prejuízo.
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