A Agência
Brasil está publicando uma série de
matérias sobre os problemas da Aids na gravidez.
Cerca de 0,4% das mulheres grávidas brasileiras
são portadoras de Aids ou do vírus
HIV. De acordo com o Ministério da Saúde,
a chance de transmissão para o bebê
é de 20%, ou de 16% caso ela não amamente.
Mas o tratamento de prevenção a transmissão
de mãe para filho, se realizado adequadamente,
pode reduzir esse risco a menos de 2%, chegando
quase a zero.
Segundo
o coordenador Obstétrico do Programa de Atenção
a Gestante com HIV, do Hospital dos Servidores do
Estado do Rio de Janeiro, Marcos D’Ippolito,
o tratamento é a grande esperança
das mães que enfrentam a "dura realidade
de serem portadoras do vírus HIV". Maria,
de 31 anos, é uma gestante com muitas chances
de não ter contaminado sua filha, um bebê
de 15 dias. Desde a terceira semana de gravidez,
ela tem feito o tratamento.
Maria,
que prefere se identificar apenas pelo primeiro nome,
conta que há dois anos descobriu ter Aids.
Ela estava grávida de cinco meses e perdeu
o bebê por complicações da doença.
Apenas nessa ocasião soube estar infeccionada.
"Eu já estava casada há sete anos
e nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo",
contou. "O meu marido também tem Aids,
e eu sei que a vida não vai ser fácil,
mas precisamos ter força porque a nossa filha
precisa da gente." O
tratamento para evitar a transmissão da aids
de mãe para filho deve começar a partir
da 14ª semana de gravidez. Caso isso não
ocorra, ainda há a possibilidade de a mãe
receber AZT (medicamento usado no tratamento da
doença) injetável no momento do parto
e, o bebê, o xarope de AZT durante as primeiras
seis primeiras semanas de vida. Mas o risco de transmissão
aumenta. De acordo com pesquisas do Ministério
da Saúde, de quase zero, quando o tratamento
é feito no início da gravidez, ele
passa para 8%.
Quase
metade das mulheres brasileiras portadoras do vírus
da Aids não faz tratamento para evitar a
transmissão da doença para o bebê.
A estimativa é do Ministério da Saúde.
Segundo dados do órgão, cerca de 13
mil mulheres portadoras do HIV engravidam a cada
ano. Desse total, pouco mais de 7 mil se submetem
ao tratamento. Porém, o número de
gestantes portadoras do HIV que procuram tratamento
tem aumentado gradativamente.
De
acordo com o Ministério da Saúde,
em 1997, quando o país começou a oferecer
o tratamento de prevenção, apenas
1.472 mulheres tiveram acesso aos medicamentos -
cerca de 11% das infectadas. Já o número
de crianças infectadas por meio da mãe
tem caído ano após ano. Em 1997, 1.011
bebês foram infectados, enquanto em 2003 esse
número chegou a menos da metade. A meta é
que esse número se aproxime do zero até
2008.
Nas
regiões mais pobres do país, o problema
se torna ainda mais grave pela falta de laboratórios
com capacidade técnica de detectar a presença
do vírus no sangue. Nas áreas carentes,
explica o coordenador, o material tem que ser colhido
e mandado para outra cidade, retardando o diagnóstico
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