Tribunal
de Justiça de Minas Gerais entende que não
é permitida a cobrança de nenhuma
tarifa bancária em se tratando de conta-salário.
Um
banco foi condenado a indenizar um auxiliar de serviços
gerais em R$ 5.700, por danos morais, por ter cobrado
ilegalmente tarifas e juros e inscrito o nome dele
nos cadastros de proteção ao crédito.
A decisão é da turma julgadora da
15ª Câmara Cível do TJMG, que
manteve sentença do juiz Marcelo Cavalcanti
Piragibe Magalhães, Juiz da 1ª Vara
Cível da comarca de São João
Nepomuceno.
Segundo
os autos, o auxiliar de serviços gerais L.A.L.M.,
residente em Descoberto, na Zona da Mata mineira,
assinou contrato com o banco para abertura de conta
corrente destinada a receber salário da empresa
na qual trabalhava. L.A.L.M. afirmou que, quando
da abertura da conta, o funcionário da agência
garantiu que não haveria despesa alguma para
ele, como taxas e tarifas, e que a conta serviria
apenas para facilitar o recebimento do salário
mensal.
Confiante
na proposta do banco, o auxiliar de serviços
gerais não se preocupou em acompanhar os
movimentos nela lançados, pois nunca movimentou
a conta e não chegou a receber salário
por ela. Contudo, anos depois foi surpreendido com
a inscrição de seu nome no SPC e Serasa.
Descobriu então que a ordem partira do banco,
por causa de débitos, em sua conta, de tarifas
e juros. L.A.L.M. afirma que nunca recebeu nenhum
aviso bancário ou extrato, nem aviso de inscrição
de seu nome nos serviços de proteção
ao crédito.
O
juiz Marcelo Cavalcanti Piragibe Magalhães
julgou procedente a ação ajuizada
por L.A.L.M. e declarou inexistente seu débito
com o banco. Condenou ainda a instituição
ao pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ 5.700.
O
banco recorreu ao TJMG, alegando que o cliente tinha
ciência do contrato pactuado; que apenas exerceu
seu direito ao enviar o nome do autor de forma lícita
e devida aos serviços de proteção
ao crédito; que os contratos devem ser respeitados;
e que o valor da indenização por danos
morais é exorbitante.
O
relator do recurso na 15ª Câmara Cível,
desembargador José Affonso da Costa Côrtes,
avaliou que foi comprovado que a conta do auxiliar
de serviços gerais é realmente conta-salário.
O magistrado ressaltou que, de acordo com resolução
do Banco Central vigente na época da abertura
da conta, não é permitida a cobrança
de nenhuma tarifa bancária em se tratando
de conta-salário. Assim, “configura-se
indevida a cobrança das tarifas bancárias
e, conseqüentemente, o lançamento do
nome do autor em cadastro negativo é ilegal,
restando caracterizado, por si só, o dano
moral”, escreveu, em seu voto, o relator.
José
Affonso da Costa Côrtes considerou o valor
arbitrado em Primeira Instância compatível
com o dano sofrido pelo auxiliar de serviços
gerais, e assim manteve integralmente a sentença.
Os desembargadores Mota e Silva (revisor) e Maurílio
Gabriel votaram de acordo com o relator.
Fonte:
Assessoria de Comunicação Institucional
do TJMG
|