mais
de meio século,
co-piloto na navegação de
cabotagem: vamos sair de férias,
mulher, bem as
merecemos após tanto
dia e noite de trabalho na escrita e na
invenção. Vamos de passeio,
sem obrigações, sem compromissos,
vamos vagabundear sem montra de relógio,
sem roteiro, anônimos viandantes”.
Alziro
Zarur (1914-1979), poeta, costumava dizer:
“O Amor é todo o encanto da
vida. A vida sem Amor não vale nada”.
A
beleza do Espírito
Se
você namorar e casar só por
causa da formosura e do corpo sarado, poderá
dar-se mal um dia, pois a fascinação
exterior passará como o vento. Contudo,
se for unir-se porque tem Amor, o encanto
físico com o tempo poderá
não ser o mesmo; porém, você
amará como amou quando jovem, e com
mais maturidade. O tempo ensina, ensina.
Só não aprende quem não
quer.
Senão,
que amor é esse? Não terá
passado de sentimento falso. Mas, se constituir
matrimônio verdadeiramente motivado
por forte bem-querer, a felicidade crescerá
como as árvores seculares, porque
o Amor será infinito.
A
beleza é coisa primorosa. O Amor,
todavia, é muito maior do que tudo
isso. Ele estabelece a simpatia. E este
é o atrativo que não morre,
a graça eterna do Espírito.
Nem a morte separa os que se amam.
Lembro-me
de um instrutivo canto de Zarur, no seu
poema “Aos Casais Legionários”:
(...) “Não é o corpo
que atrai: / É o Espírito
que ama”. (...)
O
princípio básico do Ser
O
Amor provém da Alma. Do contrário,
pode morrer na noite de núpcias...
Mas, se tiver como alicerce o Espírito
e o coração de ambos os amantes,
aí a lua-de-mel se repetirá
por toda a vida, apesar das rusgas que sempre
ponteiam a convivência de um casal.
Amor
fica, desejo passa
Certa
vez, perguntado, aconselhei alguém
que não se apressasse no seu namorisco.
Bem parecido com o que afirmei no Congresso
Jovem LBV, realizado em 28 de junho de 2003,
na capital paulista, e a turma gostou, pelo
que fiquei sabendo. Em determinado momento,
disse-lhes: Vocês que são jovens,
cuidado quando lhes disserem: “Eu
te amo! Dá-me um sinal, uma prova
de amor...”. Prestem atenção
se isso lhes for pedido, porque o outro,
ou a outra, pode estar apenas ocultando:
“Eu te desejo!” Depois que a
atração se for, oh!, tudo
acabará! E um dos dois poderá
ficar machucado, como tantas vezes acontece.
Não se precipitem, pois! Amor é
diferente de desejo. Amor fica, desejo passa.
Quando
o desafio aparecer no caminho dos casais,
a reflexão mais apropriada seria:
“Ora, nós nos unimos por quê?!
Porque nos amávamos! Então,
continuemo-nos amando e vençamos
o mal que porventura nos queira separar”.
E não deixem ninguém meter
o bedelho em suas vidas.
Eis
aí! Casal unido é aquele que
vive integrado no Pai Supremo, cuja face
é o Amor. Portanto, quanto mais amamos,
mais Ele se manifesta em nós, porque
o Amor não é velho nem novo.
É eterno, porque é Deus.
E,
se você não crê que exista
um Poder Soberano atento às suas
dificuldades, lembre-se de que os bons sentimentos
são a sustentação de
sua vida, de tal forma que esteja em paz
consigo mesma ou consigo mesmo.
O
essencial é que, passados os anos,
criados os filhos, vencidas as dores e superados
os empecilhos, vivamos sempre como namorados!
É
difícil neste mundo? Mas não
é impossível.
José
de Paiva Netto — Jornalista, radialista
e escritor.
paivanetto@uol.com.br