Artesãos e empresários discutem metodologia para
ampliar mercado de produtos artesanais
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Café da manhã na próxima quarta (15), às 9h, reunirá empresários da área de decoração e arquitetura para discutir modelo de exposição e comercialização da Sala do Artista Popular – SAP.
 

Artesãos, agentes públicos e empresários do ramo da decoração e arquitetura estarão reunidos em um café da manhã na próxima quarta (15), às 9h, no Instituto Mauá, no Pelourinho, para discutir alternativas de estímulo à produção e comercialização de seus produtos.

O encontro precede a abertura da exposição O traiado e o urdido: tecidos de buriti dos Gerais da Bahia, que ocorre no mesmo dia, às 19h, inaugurando a Sala do Artista Popular (SAP), modelo de exposição e comercialização que tem mostrado resultados no Rio de Janeiro desde 1983 e chega agora à Bahia.

Desenvolvida pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP), do Iphan, a metodologia utilizada pela Sala do Artista Popular (SAP) tem como um de seus objetivos preparar o mercado para o artesão, impulsionando a comercialização de seus produtos. “A comercialização é importante porque, além de ter a conseqüência direta de levar lucros ao artesão, alimenta a cadeia produtiva, fazendo com que ela se mantenha e, eventualmente, se amplie. Essa é uma condição básica para a sobrevivência do artesanato”, explica o antropólogo Ricardo Gomes Lima, coordenador da SAP.

É com o propósito de preparar o mercado para o trabalho do artesão que a metodologia utilizada pela SAP será apresentada aos empresários locais da área de decoração e arquitetura.

O antropólogo explica que as mostras da SAP são concretizadas após pesquisa, para que o público conheça efetivamente as comunidades produtoras, compreendendo o contexto que está por trás do artesanato. “É impressionante como a relação do público torna-se mais intensa quando ele conhece a história do objeto que está vendo”, explica Ricardo Gomes Lima. Junto com a exposição, é lançado também um catálogo com o histórico da produção exibida e comercializada.

Segundo a assessora para Cultura Popular da Secretaria de Cultura da Bahia, Lorena Coelho, a parceria com o Centro de Cultura Popular e com o Instituto Mauá deve ir além da realização da exposição. “O próximo passo é capacitar profissionais da própria Secretaria para que possamos empregar aqui a metodologia da SAP”, diz.

O crescimento e a profissionalização do artesanato, por outro lado, têm provocado crescente valorização dos produtos artesanais pelo mercado consumidor, que vê nos objetos de decoração, moda e peças utilitárias, excelentes opções de artigos diferenciados.

Por conta disso, o artesanato tem se mostrado um segmento de peso na economia do país. Dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior mostram que a atividade representa 2,8% do PIB nacional e em 2006 registrou faturamento estimado em R$ 28 bilhões. Na Bahia, municípios como Porto Seguro, Aratuípe (Maragogipinho), Mata de São João, Saubara, Rio de Contas, Paulo Afonso, dentre outros têm o artesanato como um dos principais pilares da economia.

Na Bahia, o Instituto Mauá é o órgão do governo estadual responsável por fomentar, preservar e comercializar o artesanato. A instituição compra os produtos diretamente dos artesãos, por preços definidos por eles, e revende acrescentando 30% do valor aos produtos do interior e 20% aos da capital, chegando a movimentar R$ 275 mil por ano.

Um dos órgãos que busca fomentar o artesanato de forma integrada, enquanto setor econômico sustentável é o Sebrae, que em 2007 implementou projetos em 14 municípios do Estado. O objetivo é estimular o trabalho cooperado e contribuir para formalização do setor e fortalecimento das associações e cooperativas.

Metodologia inovadora

Realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, a exposição O traiado e o urdido: tecidos de buriti dos Gerais da Bahia inaugura no estado o modelo desenvolvido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, do Iphan, para a realização da Sala do Artista Popular (SAP).

A mostra revela trabalhos criados a partir da tradição indígena dos trançados, realizados com a folha do buriti, trabalhados por mulheres e homens dos distritos de Canguçu, Porcos e Cajueiro, no município de Cocos, extremo oeste da Bahia. A “seda” e a palha da palmeira resultam em redes, tapetes, esteiras, bolsas e jogos americanos que ganham cores com o tingimento com urucum, açafrão e ervas da região.

A exposição é precedida de três etapas. Primeiro, os pesquisadores do Centro desenvolvem uma pesquisa etnográfica com as comunidades e um texto com todas as informações sobre as peças expostas. Em cada exposição também é produzido um catálogo com a documentação fotográfica das peças, convites e cartazes. Há também um cuidado especial com a montagem. O museólogo discute com o pesquisador e com o fotógrafo a concepção da exposição.

A expectativa é que a partir da SAP, o artesão tenha uma dimensão do valor do que ele produz. “Os objetos são colocados à venda, mas é respeitada a vontade do artista. Eles definem os preços e nós só intervimos quando os valores são defasados”, afirma o coordenador que destaca a mudança de conceito utilizada pela SAP do viés folclórico para o viés da cultura.


SERVIÇO

O quê: Café da manhã - SAP – Sala do Artista Popular.

Quando: 15 de maio de 2008 - 9h.

Onde: Instituto Mauá Pelourinho.

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO

15 de maio de 2008 – 19h. Visitação: de 15 de maio a 14 de junho de 2008.

Local: Galeria Mestre Abdias, Instituto Mauá. Rua Gregório de Matos, nº27 – Pelourinho.

Horário: 2ª a 6ª, das 8h30 às 18h, sábado e domingo das 10h às 17h.

Assessoria de Comunicação – Ascom

Secretaria de Cultura do Estado da Bahia

Tel. (71) 3116-4118/ 8151-0893

 
 
 
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